quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Sina


I

Assim a escrever sou forçado.
Solitário na sala sentimento
Sussurro o som descompassado
Do meu sonoro batimento.


II

Escrevo o escrito traçado
Nas estrelas, céu pensamento,
Silvo de meu ser antepassado
Preso a Sereia d'amor ciumento.


Teologia


I

Procurei minha fé em esquinas,
Igrejas escondidas, sem tinta.
Encontrei o velho poeta de Minas.
Disse ele "Deus vive, não minta."

II

Deus é um menino traquinas
Que não teme nenhuma cinta.
Brinca com coisas pequeninas,
E quer que alegria o mundo sinta.


Cotidiano

O boi rumina
O verde dia
Presente pradaria.

domingo, 4 de novembro de 2007

O amor em tom cinza.


I

O amor é pragmático
Não se pode julgar por teorias
As grandes epopéias do amor,
resumos incompletos de biópsias.

II

O amor não é um rio
Nem é estouro de rinocerontes
O amor não é este poema,
Não é produto de epistemologia.

Busca

Quando eu procurar por você
Espero encontrá-la rapidamente
Para não perder-me
Nessa sala isolada de outras salas

Quando talvez encontrar-nos
Espero que seja o que esperava
Para não nos perder
Numa sala conjunta a outras salas

Fim


Mostra-me tua face pálida
Que mata a memória antiga
Presente na vida esquálida,
Enrustida velha cantiga.

Sabe-se. O passado foi
O velho vento que tarda.
O futuro rumina o boi
Pro presente que aguarda.

Não mais se atina
para a pura paródia,
A semente vespertina
Memória doutro dia.


sábado, 3 de novembro de 2007

Fado.

I

Chove a chuva vermelha
Pelo olho divino, meio dia.
Chove a luz raio, centelha
Do adeus que não se adia.

II

Chove e choverá na alma
Pesarosa, cega na escuridão
escarlate, luz que se apalma
E vagueia velha, vermelhidão.


Flerte fluído

I

Numa noite de inverno
Acenou para mim o vento
Vermelho velho interno
Do eterno lamento

II

Acenei eu ao vento
Com pássaros memória
Plomoroso pensamento
Azul ave história