terça-feira, 24 de julho de 2007

Tempos Modernos

Espero, o relógio bate angustiado e
a ânsia me devora internamente.
Dum carro que passa veloz
sai a mulher de saia vermelha
e o rodar de sua saia obscena
tinge meu corpo de sangue.

Busto Para um poeta Mineiro.


I

Espectros de homens passam
comedidos por desejos ruminados.
Sentado na pedra fria,
chora um poeta.

II

Esfomeados por mais desejos,
comem alucinados o que encontram.
O poeta é devorado.
Fica a pedra.


À Murilo Mendes.

domingo, 22 de julho de 2007

Noite em Babilônia.

Escuro caminho dos homens
que vagam por estrada infinda
rumo a uma cidade opaca.

Azuis desejos alçam vôo
buscando a torre gigantesca
cravada nas nuvens do firmamento.

Homens escolhem suas bíblias,
sentam-se em círculos fechados.
Marte brilha universal.

Escopo interno.

Meus sonhos
dóceis leões dourados
que alquebrados por batalhas muitas
se deleitam com instantes de paz

Minhas memórias
frágeis meninas
Solitárias em casa se deliciando
com bolos de chocolate amargo

Meus atos
guerreiros medievais
que enfrentam com resignação
as guerras dos tempos modernos

Língua.

Orgão tortuoso ou nervo iconoclasta?
Não aprendi sobre isso na escola.
Mas dos beijos doces do sabor da carne
A vida é doutora.

falo falo falo flor,
mas nunca entendi
por que falo falo e calo,
por que falo flor e dor.

A escola tenta.
A vida ensina.
A gente esquece.

À Preguiça.

Dona Preguiça perdoa
aquele que é adotado por ti
grande mal as veze ataca
o corpo deste servo teu.

Pois que embora teu colo,
teus seios sejam doces,
tua boca um calmante,
tua flor uma aspirina,

Por dias me acomete
uma doença muito séria
chamada trabalho.

A poesia precisa e o poeta preciso.

O título é por si só auto explicativo. A busca necessária pela precisão e a necessidade da própria criação poética são constantes na minha vida. Por muito tempo sonhei com buscas infrutíferas e demorei para visualizar o mundo real. Hoje, de olhos bem abertos, crio um portal para a discussão deste mundo real com este mundo onírico. Mundo do qual sou o porteiro. E que melhor lugar para se criar do que aqui? Neste mar infindo chamado internet.
Publico aqui meu livro virtual. Jogo as suas páginas neste mar virtual, como se em garrafas lançadas nas vagas irrequietas. Lanço minhas páginas aqui, folha após folha. Apenas por lançar. E esperar que um dia, alguma resposta chegue, mesmo que seja da minha própria garrafa.