sábado, 27 de dezembro de 2008

Da saudade.



O relógio gira devagar como a clepsidra
num sonho de flutuantes hipopótamos, 
os nanossegundos se perdem em paralisia
na rodovia encruzilhada em que estamos;

Quantos séculos da minha experiência
Se constróem nesse sofrimento?
Quanto de saudade, este adiamento
reverbera na cinza cor da ciência?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

momento epifânico, movimento nº7

Antes eu queria ver o mundo
comprei os óculos para isto
conheci as cores
o vermelho, o cinza, o azul.

mas numa primavera argentina
meus óculos quebraram.

Dos rios.



Meus sonhos eram gigantes
e só meus.
Numa estrada infinita
encontrei outros sonhos
de diversas nascentes.

Meus sonhos mudaram seus cursos,
mas ainda são meus,
dos outros rios
eu nada sei mais.

fumaça.

Acendo um cigarro
sua fumaça me consome
o cinza que aflui por meu corpo
se torna minha contraparte

quando a liberto de meus pulmões
ela invade o mundo em palavras inaudíveis
e incovenientes.

Para Nunca Cinderela.


Numa época longinqüa
conheci uma princesa rebelde
que não queria se casar,
governar ou cozinhar.

Ela salvou seu príncipe de si mesmo
e o abandonou logo depois.
Seu sono nunca fora eterno,
mas em seus momentos distintos
eram belos.

Auto-retrato.


Em uma terra estrangeira
escrevo um auto-retrato
por saudade de mim mesmo.

Da mulher que amo, levo
o sorriso
Porque desejo tanto o corpo
do pecado ao lado.

Tango dançado numa estrada 
encruzilhada.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Gênese

Meu herói de papel
saiu da tela do mundo
lutando com um arpéu
contra um vilão vagabundo

De sobretudo pastel
o vilão tem estilo noir
meu herói faber castel 
reclama da história inda crua.

Do Vago específico.

I

Vazio ao longe o lastro
No silêncio vago
é vaga onde divago
minha missa de emplastro

II

Sem reza, cruz ou pressa
essa religião aprofética
é a carne não protéica
da minha prece não expressa.