quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sobre meninos e lobos




O menino que amava pássaros

Dançava com eles pelos sentimentos.

Azulando a manhã de setembro.

Num acidente, matou um canário.





O cadáver jáz na varanda

E nada o retornará a vida:

Nem risos, nem pulos, nem alegria...

Só resta a ele comer a carne.


Um comentário:

Fernando Cordeiro disse...

De novo, como no "vampiro" fica a impressão de que você consegue transformar o tema em dicção (ou o "conteúdo" em expressão). Há uma singeleza de linguagem que se casa bem com a condição do menino.
Além disso, nesse seu esquema (já clássico) das quadras em duas estrofes, fica um percurso que vai do ingênuo (ou do alegre) ao trágico, no primeiro, e do trágico ao alegre (?), no segundo.
Muito bom.